CNC apresenta propostas ao MTE para aprimorar Pacto do Trabalho Decente na Cafeicultura


Desde a assinatura do primeiro Pacto em 2023, a forma como a cafeicultura no Brasil formaliza a contratação de safristas tem passado por um aprimoramento significativo. Essa evolução é resultado de um esforço conjunto do Conselho Nacional do Café (CNC) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que buscam não apenas garantir a proteção dos trabalhadores, mas também promover um ambiente mais favorável para os empregadores. Nesse contexto, a interlocução ocorrida na sede do MTE, em uma audiência realizada em 3 de agosto de 2023, destacou a relevância da modernização da legislação trabalhista e da importância de um pacto que fomente o trabalho decente no setor.

O CNC, representado pelo presidente Silas Brasileiro e pela secretária executiva Márcia Chiarello, apresentou ao MTE diversas propostas que buscam fortalecer o Pacto do Trabalho Decente na cafeicultura. O objetivo central dessas propostas é assegurar a segurança jurídica tanto para os produtores quanto para os trabalhadores, um aspecto essencial para o desenvolvimento sustentável da cafeicultura. No entanto, é preciso observar que desafios ainda estão presentes e que a próxima edição do pacto, programada para 2025, pode representar uma nova oportunidade para ajustes e melhorias.


O papel do CNC na profissionalização da cafeicultura

O Conselho Nacional do Café desempenha um papel crucial na organização do setor cafeeiro brasileiro. Com suas diversas ações, o CNC busca promover melhorias nas condições de trabalho, a qualidade dos produtos e a segurança alimentar. A formalização das relações de trabalho na cafeicultura é uma de suas preocupações centrais. Diante do contexto atual, em que a modernização da lei trabalhista é uma necessidade, as propostas apresentadas ao MTE refletem uma visão moderna e cooperativa do setor.

Um dos principais pontos levantados foi a necessidade de estimular a contratação no campo, especialmente devido ao avanço da mecanização. Com a automação, muitos cafeicultores têm optado por investimentos em máquinas para reduzir custos – uma escolha que pode impactar a geração de empregos. É dessa forma que a articulação com o MTE se torna fundamental para garantir que a tecnologia e o trabalho humano possam coexistir de maneira harmônica.

Propostas do CNC para aprimorar a contratação de safristas

As propostas apresentadas pelo CNC ao MTE têm um caráter essencialmente prático, refletindo a realidade vivida pelos trabalhadores e empregadores. Entre as sugestões destacadas, podemos ressaltar:

Dupla visita do auditor fiscal: Para situações que não envolvem violações graves, a proposta é permitir uma segunda visita de averiguação antes da aplicação de sanções. Isso incentiva a correção de falhas em vez de penalizar diretamente o empregador, promovendo um ambiente mais colaborativo.

Facilidade na contratação interestadual: A redução da burocracia para a admissão de trabalhadores de diferentes estados é uma demanda que atende à necessidade de um mercado de trabalho mais flexível, promovendo a mobilidade dos safristas que, muitas vezes, se deslocam em busca de oportunidades.

Responsabilização compartilhada pelo uso de EPIs: A proposta sugere que tanto o contratante quanto o contratado sejam responsabilizados pela utilização adequada de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), desde que estes sejam fornecidos em condições ideais de uso. Com isso, busca-se melhorar a segurança no trabalho e criar uma cultura de responsabilidade compartilhada.

Criação de canal de denúncia: Um novo mecanismo visa permitir que empregadores denunciem trabalhadores que se recusam a regularizar a sua situação trabalhista, especialmente aqueles que, ao serem beneficiários do Bolsa Família, colocam em risco seu auxílio. Essa medida não busca punir, mas sim regularizar situações que podem vulnerabilizar os trabalhadores.

Normatização do trabalho educativo dos auditores fiscais: A visão do CNC aqui é de incentivar que as fiscalizações sejam mais voltadas para a educação e a orientação, priorizando a prevenção em oposição à punição, o que pode contribuir para um ambiente de trabalho mais justo.

Criação de Núcleos Intersindicais de Conciliação Trabalhista: Por fim, a proposta de estruturas voltadas à conciliação extrajudicial de conflitos visa evitar a judicialização excessiva de disputas trabalhistas, promovendo o diálogo entre sindicatos, advogados e representantes dos produtores. Essa interface é crucial para resolver questões de maneira mais ágil e menos onerosa.

Compromisso do governo e do CNC

Durante a audiência no MTE, ficou evidente o comprometimento do governo em promover avanços no setor, com a disposição do ministro Luiz Marinho e sua equipe em dialogar constantemente com os representantes do CNC. A busca por soluções que protejam os direitos dos trabalhadores, sem impedir a viabilidade do setor produtivo, é um passo significativo rumo a um ambiente de trabalho mais equilibrado.

Silas Brasileiro, presidente do CNC, expressou sua satisfação com a abertura do ministro para debater as demandas do setor. Esse tipo de diálogo é fundamental, pois permite que as partes envolvidas cheguem a consensos que beneficiem a todos. O CNC se mostrou disposto a colaborar com o governo na formulação de políticas públicas que garantam não apenas a proteção dos trabalhadores, mas também a competitividade da cafeicultura brasileira.

O futuro da cafeicultura e os seus desafios

O cenário da cafeicultura brasileira enfrenta diversas mudanças e desafios que não devem ser subestimados. O equilíbrio entre a modernização tecnológica e a manutenção de empregos é apenas uma das questões em pauta. Com as pressões constantes por eficiência e a competitividade no mercado global, o Brasil precisa se posicionar de forma a garantir que seus cafeicultores possam prosperar, ao mesmo tempo que asseguram as condições trabalhistas adequadas para seus colaboradores.

A proposta de uma nova edição do pacto em 2025 representa uma oportunidade de revisitar as diretrizes estabelecidas e adaptá-las ao contexto atual. É uma chance não apenas de corrigir falhas, mas também de incorporar novas ideias que possam surgir a partir da experiência adquirida nos últimos anos.

CNC apresenta propostas ao MTE para aprimorar Pacto do Trabalho Decente na Cafeicultura; confira

Em resumo, a discussão promovida pelo CNC com o MTE é um passo vital para aprimorar as condições de trabalho na cafeicultura e garantir um futuro mais brilhante para todos os envolvidos. A troca de ideias e propostas em um ambiente tão complexo quanto o do agro é crucial para promover mudanças estruturais que beneficiem tanto trabalhadores quanto empregadores. Todo esse processo deve ser acompanhado de perto, pois as decisões tomadas hoje podem impactar diretamente a vida de milhares de trabalhadores e a sustentabilidade do setor no futuro.

Perguntas frequentes

O que é o Pacto do Trabalho Decente na cafeicultura?
O Pacto do Trabalho Decente é uma iniciativa que visa regulamentar e melhorar as condições de trabalho na cafeicultura, assegurando direitos aos trabalhadores e promovendo a formalização das relações de emprego.

Quais foram as principais propostas do CNC ao MTE?
As propostas incluem a dupla visita de auditor fiscal, facilitação da contratação interestadual, responsabilização no uso de EPIs, criação de canal de denúncia, normatização do trabalho educativo dos auditores e criação de Núcleos Intersindicais de Conciliação Trabalhista.

Como o CNC atua na proteção dos trabalhadores?
O CNC atua promovendo políticas que garantam a segurança jurídica e os direitos dos trabalhadores, além de incentivar o diálogo entre produtores e o governo para melhorias nas condições laborais.

Por que a mecanização é uma preocupação para os trabalhadores?
A mecanização pode resultar em redução de empregos no setor, uma vez que as máquinas substituem mão de obra humana. Assim, é importante encontrar um equilíbrio entre tecnologia e emprego.

Qual é a importância do diálogo entre CNC e MTE?
O diálogo é fundamental para entender as demandas do setor cafeeiro e chegar a soluções que assegurem os direitos dos trabalhadores sem comprometer a viabilidade dos negócios.

Quais são os desafios futuros para a cafeicultura?
Os principais desafios incluem a adaptação às novas tecnologias, garantir as condições de trabalho justas, e enfrentar a concorrência global mantendo a sustentabilidade do setor.

Conclusão

O aprimoramento do Pacto do Trabalho Decente na cafeicultura, discutido pelo CNC e MTE, reflete o compromisso com a dignidade do trabalho e a sustentabilidade do setor. A busca por soluções justas e equilibradas é essencial para o futuro da cafeicultura no Brasil, e a participação ativa de todos os envolvidos será determinante para o sucesso desses esforços.



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